quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ciência e Superstição


No passado, quando o homem ainda não tinha uma ciência tão avançada e com tantos recursos tecnológicos, os fenômenos naturais tinham explicações diferentes.
Como um homem na idade antiga poderia explicar um relâmpago, um arco-íris, ou mesmo as estações, os períodos de chuva e de seca? Limitado pela sua ignorância científica o homem atribuía tudo às divindades e às suas alterações de humor, caprichos ou meros desígnios desconhecidos.

O homem era parte de daquele todo, chamado Terra e, porque não dizer Universo, e pedia licença às forças que o excediam para poder viver e desfrutar dos seus recursos. O inexplicável era uma barreira mais bem aceita que só podia ser respondida com base no sobrenatural. Com certeza a partir daí surgiram muitas lendas e superstições que pudessem trazer explicações.

Não estou negando os grandes conhecimentos armazenados por muitas civilizações antigas, como, por exemplo, os povos da América pré-colombiana ou do antigo Egito, mas o certo era que esse conhecimento ainda era limitado devido a recursos ainda indisponíveis em seu tempo.

Com a Revolução tecnológica o homem moderno tomou um caminho inverso. Passou a explicar tudo da perspectiva científica e o sobrenatural, o inexplicável não mais existe. A palavra de ordem é “tudo tem uma explicação”. A civilização tecnológico-científica excluiu Deus da equação que explica os fenômenos, a origem da vida e de qualquer fato natural.

Aquelas coisas que ainda permanecem obscuras são explicadas por teorias que, na verdade, nada explicam e que apesar dos anos que se passam jamais se consolidam como leis.Estão condenadas a subsistirem eternamente como teorias.

O saber humano é grandioso e ainda não atingiu o seu ápice, mas o que precisa ser entendido é que nem todas as coisas estão na esfera do entendimento das pessoas. Além do mais, em que pese o fato de muitos acontecimentos naturais estarem perfeitamente explicados, isso não exclui, de forma alguma, a possibilidade de uma inteligência superior estar por trás de tudo isso e mais, que essas leis da física tenham sido instituídas por Ele mesmo, para cumprimento dos seus desígnios e para a revelação da perfeição das coisas criadas.

Corro o risco de parecer supersticioso, mas afirmo categoricamente que a ciência por muitas vezes também o é, e recorrentemente tão dogmática como uma igreja. Quando se trata de explicar algo que lhe foge ao controle a ciência acaba por se tornar àquilo que mais combate. Talvez esteja faltando um elemento na equação que explica a origem de tudo.

Escrevi um pequeno e simples poema, acho qua daria uma música bobinha para crianças(rs)


Um imenso clarão no céu, um estrondoso barulho
A ira de Deus se acendeu!
Não, é apenas um raio e um trovão
Para tudo há uma explicação

Pontos de luz no céu, vejam quantas figuras
Deus está desenhando!
Não, são apenas estrelas, os desenhos são imaginação
Para tudo há uma explicação

Um arco colorido no céu atrás da montanha
Deus nos mandou um sinal, deve guardar tesouros
Não, será que terei que explicar sobre dispersão e refração?
Para tudo há uma explicação
Mas a perfeição de toda essa criação será que tem explicação?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Reflexões acerca do cristianismo primitivo


Estudando um pouco sobre o Cristianismo primitivo me deparei com um relato de Luciano de Samósata (125 a 181 d.c), nascido em 125 d.c na província romana da Síria, acerca dos cristãos.A afirmativa é particularmente interessante pelo fato de Luciano ser um pagão que, ao que tudo indica, não era muito simpático aos cristãos.
O texto abaixo foi retirado de uma das obras mais famosas de Luciano de Samósata, “A morte do peregrino” ou “A passagem do Peregrino”:

“Antes de tudo, esses infelizes [cristãos] estão convencidos de que são imortais e de que viverão para sempre. Por isso, desprezam a morte e muitos a enfrentam voluntariamente. Seu primeiro legislador os convenceu de que eram todos irmãos. A partir do momento em que renunciaram os deuses da Grécia, passaram a adorar seu sofista crucificado e amoldaram suas vidas aos seus preceitos. Eles também desprezam todos os bens, mantendo-os para uso comum [...]. Se entre eles aparecer um hábil impostor, que saiba se beneficiar da situação, este se enriquecerá rapidamente pois poderá manipular como quiser essas pessoas que nada percebem.”

Parece que mudamos um pouco ao longo dos séculos.Muitos de nós se deixaram contaminar pelo consumismo, pelo apego exagerado aos bens matérias e aos valores deste mundo.
Inspiremo-nos no exemplo de nossos predecessores e vivamos como irmãos, considerando as pessoas mais importantes que os bens.
Não vamos sucumbir ao materialismo que é o câncer do nosso tempo e nos dobrarmos perante ao Capitalismo que cria necessidades mentirosas.Tudo isso faz com que consideremos os nossos ganhos, lucros e investimentos mais importantes que o amor e a solidariedade.
Acabamos nos esquecendo dos nossos reais valores e da nossa essência. Vale lembrar as palavras de Jesus:

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não arrombam e nem furtam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.Mateus 6:19-21

Não se trata de apologia ao comodismo e a mera expectativa de uma era vindoura e sem atitude no presente. Aquele que tem ouvidos ouça.

Lembrei-me de uma frase de João Crisóstomo, eminente teólogo do século III, sobre o comportamento de alguns cristãos:

“Admiramos a riqueza tanto quanto eles ( não cristãos) e até mais.Temos o mesmo medo da morte, o mesmo pavor da miséria, a mesma impaciência com a doença. Somos igualmente aficionados por glória e poder [...] Então como eles poderão crer ?”

Para reflexão.

Paz!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eternidade


Este texto começou a ser escrito durante um período de muitos questionamentos e pensamentos aflitivos. A busca por significado era intensa. Hoje vivo um período de maior serenidade e pude escrever um novo parágrafo final para este texto.Espero que gostem.

O que torna a existência do homem relevante?Uma pergunta tão difícil de responder, já me levou a muitos conflitos sobre o que realmente vale a pena. A vida passa tão rápido, por um momento somos jovens cheios de planos e após um piscar de olhos somos velhos que já sentem o cheiro da morte se aproximando,esquecidos,enfraquecidos e apenas com memórias se apagando com uma rapidez cada dia maior de suas mentes.
Por que lutamos, nos esforçamos, sacrificamos, preocupamos se tudo esta condenado ao esquecimento?Hoje ficamos ansiosos pelo futuro, a procura de uma companheira para toda a vida, a procura de um bom emprego e quando alcançamos tudo isso percebemos que tudo esta condenado a desaparecer com o tempo, sequer lembro qual foi o melhor dia da minha vida.
Salomão fala que ninguém se lembra dos que viveram na antiguidade e aqueles que ainda virão também serão esquecidos pelos que vierem depois deles, todos querem ter realizações para serem lembrados, mas isso é uma ilusão. Que maldição para o homem viver esforçando-se para realizar coisas que estão condenadas ao pó. Tentei simplesmente evitar tais pensamentos e assim me sentir melhor, mas temi que os anos passassem e eu não tivesse feito nada de relevante. Afligia-me pensando nestas coisas, e cheguei a comparar a vida a um sanduíche ambos prazeres efêmeros,a vida deve ser recheada de alegrias,emoções,realizações e quem sabe em seu fim encontraremos algum sabor.
Não posso entender os inescrupulosos que mesmo após se desfazerem das ilusões da juventude, da sensação de eternidade continuam a cometer crimes, desrespeitos, buscar guerras, violência, roubos e outras agressões ao próximo.O que querem obter?Não há onde esconder essas riquezas, não há pra onde as levar, todos nós estamos caminhando pra um lugar onde nada disso entrará.
Como é feliz o que tem uma fé, que espera algo além desta jornada terrena, que sabe que há algo maior a se construir do que as simples realizações desta vida. Como é feliz o que crê na eternidade, pois sabe que poderá construir coisas que não se acabarão e assim descobrem o verdadeiro significado da esperança.Esperança,a maior motivação do homem,que o anima a prosseguir e a se alegrar com o futuro ainda que o presente seja terrível.Fé, a certeza das coisas que não se vê, a razão de nossa busca. Mediante ela podemos preencher o vazio de nossos corações e saber que não é inútil esta vida, há muitas coisas relevantes a se fazer para si e para o outro.
A eternidade não é uma linha de chegada, de fato, ela já começou para aqueles que nela crêem. Entender isso nos livra da mera contemplação e nos devolve à beleza de vivermos este tempo que nos foi concedido na terra. Não precisamos sofrer com a brevidade das coisas, pois tudo o que fazemos de bom ecoará para sempre e nosso trabalho, nossa família, nossas conquistas estarão sempre contribuindo para que Deus complete a boa obra que começou em nós.
Elevemos então o nosso pensamento àquele que nos criou e colocou em nosso coração o anseio pela eternidade em sua presença, e façamos o bem a toda criatura com fé em Deus e alegria no coração.

"Tudo o que não é eterno, é eternamente inútil." C.S Lewis