terça-feira, 1 de março de 2011

A oração e as suas coincidências




Entre as minhas primeiras lembranças do meu relacionamento com Deus, está a minha dificuldade de orar. Na verdade, eu tinha dificuldade em me concentrar, qualquer coisa sempre foi capaz de roubar a minha atenção, e esse suplício sempre me afetou também como estudante. Lembro-me de estar na sala de aula perdido entre turbilhões de pensamentos e ser trazido de volta com o professor dizendo com “voz de astronauta”: “Planeta Terra chamando Philipe” - e afetou, claro, nas minhas orações. Muitas vezes começava a falar com Deus e rapidamente minha mente me levava a lugares tão distantes que ao recobrar a concentração eu nem sabia onde havia parado ou como tinha chegado até aqueles pensamentos.

Apesar de muita vezes eu deixar as distrações e também a falta de fé me atrapalharem de viver esse relacionamento, muitas outras vezes experimentei momentos muito significativos e aprendi que orar era algo muito maior do que aqueles momentos em que eu me ajoelhava para falar com Ele. O tempo foi passando e fui entendendo um pouco mais sobre a natureza desse relacionamento tão grandioso e ao mesmo tempo tão íntimo.

Entre as experiências mais importantes que tive estão aquelas em que senti o cuidado de Deus em coisas pequenas, corriqueiras, mas que serviram para me mostrar que existe um Pai nos céus, amoroso e capaz de se ocupar não só de grandes acontecimentos e de gigantes espirituais ou autoridades deste mundo, mas também de mim, um pequeno discípulo de fé as vezes tão vacilante. Compartilho três histórias que ilustram isso.

Devia ter cerca de dez anos de idade, garoto tímido, de voz baixa, e havia sido convidado para o aniversário de um colega de escola. Não era um grande amigo, mas eu gostava dessas festinhas de aniversário que costumavam ser divertidas e com vários docinhos. Minha avó me levou, mas eu ainda não tinha certeza se iria entrar, afinal eu não sabia se os meus amigos iriam e estava morrendo de medo de ficar deslocado na festa. Desci do carro e fiquei na porta da casa tomando coragem. Minha avó, pacientemente, esperava no carro pela minha decisão. Este era um grande conflito no meu mundo de criança.Eu queria ir à festa, mas tinha medo de não ter amigos por lá. Andei de um lado para o outro até que pedi socorro a Deus. O pedido me pareceu óbvio:

”Deus, me dê visão raio-x para que eu possa olhar dentro da casa e ver quem está lá.”.

Aguardava para ver se iria ser atendido quando de repente olhei na minha frente uma caixa de correio com uma entrada para as cartas, puxei a tampa e pude ver lá dentro. Sentado bem na minha frente estava o meu melhor amigo. Fiquei eufórico, afinal tinha sido atendido e com a minha visão “raio-x” percebi que poderia entrar, meu amigo estava lá.Hoje um celular teria resolvido tudo, mas eu nunca ia experimentar o deleite de ser tão prontamente atendido por Deus.

Outra história aconteceu já em 2008, quando eu participava do Enca - Encontro Nacional de Comunidades Alternativas- literalmente no meio do mato. Lá não havia chuveiros, pelo menos os convencionais, e muitos de nós já estavam alguns dias sem tomar banho. Eu, contudo, asseado que sou, ao menos me banhava no rio todos os dias. Esse rio tinha um inconveniente, a água era gelada de doer o osso, a sensação era de que se estava em um balde de gelo. Naquele dia, em especial, a água parecia ainda mais gelada. Então, molhei o pé e fiquei por cerca de dez minutos tomando coragem para entrar, mas a coragem não vinha. Outros dez minutos passaram e eu resolvi pedir a Deus:

“Me dê coragem, para que consiga entrar nessa água gelada”.

Mal acabei a frase e a pedra em que eu estava derrapou fazendo com que eu caísse com tudo dentro da água gelada. Uma vez lá dentro consegui aproveitar o banho. Mas o interessante foi ver que Deus nos atende, nem sempre da forma como esperávamos, mas atende.

Por último, estava em Alto Paraíso de Goiás no final de 2010 e início de 2011, visitando um amigo e descansando do atribulado ano de 2010. O lugar é repleto de belezas naturais como chapadas, cachoeiras e exuberante natureza. O único problema era que estava chovendo todos os dias, o que impossibilitou que eu as aproveitasse. Faltando dois dias para eu ir embora pedi a Deus:

“Pai, me dê ao menos um dia de sol para que eu possa conhecer uma cachoeira”.

Mal pude acreditar quando acordei e avistei da janela o lindo sol que havia nascido no meu último dia inteiro na cidade .Assim, pude aproveitar finalmente uma cachoeira. No dia seguinte quando acordei para ir embora uma forte chuva caia novamente. Mas aquele solzinho apareceu rapidamente por um dia e depois foi embora por minha causa?Com certeza.

Muitos podem achar que essas histórias não passam de coincidências interpretadas como favor divino. Mas para respondê-los lanço mão de duas frases:

“Quando eu oro, coincidências acontecem” Arcebispo William Temple

“O cristão não deve se perguntar se este ou aquele acontecimento ocorreu em resposta a uma oração, mas deve acreditar que todos os eventos, sem exceção, são respostas à oração.” C.S. Lewis

Eu acredito em um Deus que dá visão de raio-x para um garoto tímido, coragem para um medroso com medo de água gelada e cessa a chuva para que um filho seu possa desfrutar de uma cachoeira. Tudo isso torna a minha vida ainda mais maravilhosa.

5 comentários:

  1. Continue crendo meu filho com a mesma pureza dos seus dez anos pois Deus nos enxerga como filhinhos queridos e quando pedimos com o coração em nossas orações Ele nos atende.

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  2. Vaaann !!! Adoreeeeeii esse post !! Mto legal ms! Me fez ate refletir em minhas oraçoes!!! Continua escrevendo!!! ehehehe
    Fica com Deus!
    bjos

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  3. Muito bom bênino van =)

    e oremos, pq o nosso pai lá em cima está sempre atento as nossas orações!

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  4. "e alguns de nós ja estavam alguns dias sem banho" hahahahaha

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  5. Super me identifiquei com várias coisas... muito legal o post.

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