
Estudando um pouco sobre o Cristianismo primitivo me deparei com um relato de Luciano de Samósata (125 a 181 d.c), nascido em 125 d.c na província romana da Síria, acerca dos cristãos.A afirmativa é particularmente interessante pelo fato de Luciano ser um pagão que, ao que tudo indica, não era muito simpático aos cristãos.
O texto abaixo foi retirado de uma das obras mais famosas de Luciano de Samósata, “A morte do peregrino” ou “A passagem do Peregrino”:
“Antes de tudo, esses infelizes [cristãos] estão convencidos de que são imortais e de que viverão para sempre. Por isso, desprezam a morte e muitos a enfrentam voluntariamente. Seu primeiro legislador os convenceu de que eram todos irmãos. A partir do momento em que renunciaram os deuses da Grécia, passaram a adorar seu sofista crucificado e amoldaram suas vidas aos seus preceitos. Eles também desprezam todos os bens, mantendo-os para uso comum [...]. Se entre eles aparecer um hábil impostor, que saiba se beneficiar da situação, este se enriquecerá rapidamente pois poderá manipular como quiser essas pessoas que nada percebem.”
Parece que mudamos um pouco ao longo dos séculos.Muitos de nós se deixaram contaminar pelo consumismo, pelo apego exagerado aos bens matérias e aos valores deste mundo.
Inspiremo-nos no exemplo de nossos predecessores e vivamos como irmãos, considerando as pessoas mais importantes que os bens.
Não vamos sucumbir ao materialismo que é o câncer do nosso tempo e nos dobrarmos perante ao Capitalismo que cria necessidades mentirosas.Tudo isso faz com que consideremos os nossos ganhos, lucros e investimentos mais importantes que o amor e a solidariedade.
Acabamos nos esquecendo dos nossos reais valores e da nossa essência. Vale lembrar as palavras de Jesus:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não arrombam e nem furtam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.Mateus 6:19-21
Não se trata de apologia ao comodismo e a mera expectativa de uma era vindoura e sem atitude no presente. Aquele que tem ouvidos ouça.
Lembrei-me de uma frase de João Crisóstomo, eminente teólogo do século III, sobre o comportamento de alguns cristãos:
“Admiramos a riqueza tanto quanto eles ( não cristãos) e até mais.Temos o mesmo medo da morte, o mesmo pavor da miséria, a mesma impaciência com a doença. Somos igualmente aficionados por glória e poder [...] Então como eles poderão crer ?”
Para reflexão.
Paz!
Valorosa reflexão para tempos hodiernos. Há que se salientar que a admiração pela riqueza, glória e poder, o medo da morte, o pavor da miséria, a impaciência com a doença, são características do "velho homem", da natureza humana. O cristão verdadeiro não vive conforme a natureza humana, mas vive em uma busca constante de aperfeiçoamento da sua natureza, para que alcance a natureza de Deus e viva de acordo com ela. Então, o que se espera mesmo de um cristão é que num primeiro momento ele até possa sentir conforte a natureza humana, mas como cristão, num segundo momento ele retoma o domínio sobre seus sentimentos (domínio que é fruto dado pelo Espírito Santo em sua vida) e age de forma diferente, conforme o caráter de Deus. Em suma, o cristão é tentado, e tem o momento para escolher tomar a atitude correta ou sucumbir aos sentimentos puramente humanos. Em seguida, age com a firmeza e a postura de um homem que aplica os ensinamentos do Senhor Jesus em cada oportunidade.
ResponderExcluirAh, gentileza continuar escrevendo nos momentos de inspiração! Seus textos só podem ter excelentes consequências para os que lêem.
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