terça-feira, 18 de junho de 2013

Somos tão jovens

Somos tão jovens


Imaginava que estava indo ao Mineirão para assistir ao jogo Taiti e Nigéria, mal sabia que o trânsito caótico e as manifestações estavam me reservando outros planos. Constatando que o ônibus em que estava não iria mais andar, desci e acabei caindo no meio de uma grande massa que se dirigia até a Pampulha para protestar.

Caminhei alguns quilômetros e ainda não tinha noção do que me esperava, pois como cheguei depois eu andava entre os retardatários que, pelo seu número diminuto, não me faziam supor a multidão que me esperava.

No trajeto percebi o povo trabalhador, dentro dos ônibus que não iriam se movimentar pelas próximas horas, e constatei que a grande maioria estava irritada com o movimento que os atrasava para o trabalho ou para a volta de casa. Mas tenho certeza que, se tudo isso prosseguir, eles também irão despertar para a sua importância no processo.

De repente eu me deparei com a grande concentração do movimento, não podia acreditar que tantas pessoas estavam reunidas ali para protestar, muitos milhares. Confesso que até então estava cheio de desconfianças com este movimento, imaginava que era um “chilique direitoso”,um ajuntamento de frases de efeito propagadas pelo facebook, e outras besteiras.Por isso mesmo,naquele momento, eu era um mero expectador,um curioso tentando entender a essência de tudo aquilo.

Percebi que a grande maioria dos manifestantes era muito jovens, adolescentes, estudantes, garotos e garotas. Procurei observar as fisionomias e não pude deixar de notar o brilho em muitos olhares. A maior parte, eu acho, não tem ideia do que pode fazer pra mudar, ainda nem entendem como é o funcionamento de um Estado, muitos sequer sabem exatamente o que querem, mas sabem que tem algo errado.

Sabem que não são respeitados, que a política como tem sido praticada no Brasil não é mais capaz de inspirá-los. Pensando nesses jovens que querem mudar e estão tentando aprender como, comecei a me emocionar. Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração de esperança. Tornei-me um deles.

Consegui enxergar na ingenuidade deles, mesmo naqueles ávidos por compartilharem suas fotos como manifestantes no facebook,uma grande alegria por estarem participando de um movimento no qual entendem estarem ajudando a mudar o país.


Que orgulho senti desses jovens, e lembrei também que somos tão jovens no que se refere à democracia, cidadania. Conclui que há tanto ainda a aprender, um longo processo até chegarmos à maturidade. Mas que bonito é ver quem a gente ama aprendendo a andar e começando a crescer.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Voe em paz!

Voe em paz!


Pensei que tivesses morrido
Qual não foi a minha surpresa ao te olhar caminhando em minha direção
Difícil saber o que esperar de quem já não se espera mais nada
Mas este belo fantasma caminhava até mim, repetindo o meu nome
Surpresa, indignação, indiferença, qual seria a minha expressão ao cruzar inesperadamente pelo caminho de quem já habitava ao abismo?
Será que o acaso a trouxe até mim para devolver minha inocência, ilusão e ternura?
Como? Se tu já não as tinhas. Estavam a muito esmagadas sob os teus pés
Não que o tenha feito por maldade, mas pela imaturidade que gerou a indiferença às necessidades que não fossem as tuas próprias
Justo ela, que sempre julgou ter superado
Este vírus talvez tenha me infectado também, abalando a minha fé
Mas como culpá-la da minha própria imprudência?
Não posso acusá-la das correntes que minha obstinação me impingiu
Pra minha surpresa o fantasma não queria o alívio da sua consciência para em seguida retornar ao abismo
Pareceu-me que queria a liberdade dos que são capazes de se arrepender
Buscavas a leveza para voar pra outros lugares
A tal leveza que só encontramos nos olhos de quem já ferimos
Seja livre para voar, já não és mais um fantasma
És o depositário imaginário das alegrias, frustrações e tristezas que não se apagam
És a experiência inevitável de um amor doído e impossível
És o espelho que se quebrou junto às minhas ilusões, mas não antes de revelar quem eu sou
O meu bom e o meu mau
Voe, levando de uma vez por todas as palavras que eu queria ter dito
Jogue no oceano as minhas mágoas
Voe em paz, sei que não és mais uma sombra, mas um humano melhor.

terça-feira, 1 de março de 2011

A oração e as suas coincidências




Entre as minhas primeiras lembranças do meu relacionamento com Deus, está a minha dificuldade de orar. Na verdade, eu tinha dificuldade em me concentrar, qualquer coisa sempre foi capaz de roubar a minha atenção, e esse suplício sempre me afetou também como estudante. Lembro-me de estar na sala de aula perdido entre turbilhões de pensamentos e ser trazido de volta com o professor dizendo com “voz de astronauta”: “Planeta Terra chamando Philipe” - e afetou, claro, nas minhas orações. Muitas vezes começava a falar com Deus e rapidamente minha mente me levava a lugares tão distantes que ao recobrar a concentração eu nem sabia onde havia parado ou como tinha chegado até aqueles pensamentos.

Apesar de muita vezes eu deixar as distrações e também a falta de fé me atrapalharem de viver esse relacionamento, muitas outras vezes experimentei momentos muito significativos e aprendi que orar era algo muito maior do que aqueles momentos em que eu me ajoelhava para falar com Ele. O tempo foi passando e fui entendendo um pouco mais sobre a natureza desse relacionamento tão grandioso e ao mesmo tempo tão íntimo.

Entre as experiências mais importantes que tive estão aquelas em que senti o cuidado de Deus em coisas pequenas, corriqueiras, mas que serviram para me mostrar que existe um Pai nos céus, amoroso e capaz de se ocupar não só de grandes acontecimentos e de gigantes espirituais ou autoridades deste mundo, mas também de mim, um pequeno discípulo de fé as vezes tão vacilante. Compartilho três histórias que ilustram isso.

Devia ter cerca de dez anos de idade, garoto tímido, de voz baixa, e havia sido convidado para o aniversário de um colega de escola. Não era um grande amigo, mas eu gostava dessas festinhas de aniversário que costumavam ser divertidas e com vários docinhos. Minha avó me levou, mas eu ainda não tinha certeza se iria entrar, afinal eu não sabia se os meus amigos iriam e estava morrendo de medo de ficar deslocado na festa. Desci do carro e fiquei na porta da casa tomando coragem. Minha avó, pacientemente, esperava no carro pela minha decisão. Este era um grande conflito no meu mundo de criança.Eu queria ir à festa, mas tinha medo de não ter amigos por lá. Andei de um lado para o outro até que pedi socorro a Deus. O pedido me pareceu óbvio:

”Deus, me dê visão raio-x para que eu possa olhar dentro da casa e ver quem está lá.”.

Aguardava para ver se iria ser atendido quando de repente olhei na minha frente uma caixa de correio com uma entrada para as cartas, puxei a tampa e pude ver lá dentro. Sentado bem na minha frente estava o meu melhor amigo. Fiquei eufórico, afinal tinha sido atendido e com a minha visão “raio-x” percebi que poderia entrar, meu amigo estava lá.Hoje um celular teria resolvido tudo, mas eu nunca ia experimentar o deleite de ser tão prontamente atendido por Deus.

Outra história aconteceu já em 2008, quando eu participava do Enca - Encontro Nacional de Comunidades Alternativas- literalmente no meio do mato. Lá não havia chuveiros, pelo menos os convencionais, e muitos de nós já estavam alguns dias sem tomar banho. Eu, contudo, asseado que sou, ao menos me banhava no rio todos os dias. Esse rio tinha um inconveniente, a água era gelada de doer o osso, a sensação era de que se estava em um balde de gelo. Naquele dia, em especial, a água parecia ainda mais gelada. Então, molhei o pé e fiquei por cerca de dez minutos tomando coragem para entrar, mas a coragem não vinha. Outros dez minutos passaram e eu resolvi pedir a Deus:

“Me dê coragem, para que consiga entrar nessa água gelada”.

Mal acabei a frase e a pedra em que eu estava derrapou fazendo com que eu caísse com tudo dentro da água gelada. Uma vez lá dentro consegui aproveitar o banho. Mas o interessante foi ver que Deus nos atende, nem sempre da forma como esperávamos, mas atende.

Por último, estava em Alto Paraíso de Goiás no final de 2010 e início de 2011, visitando um amigo e descansando do atribulado ano de 2010. O lugar é repleto de belezas naturais como chapadas, cachoeiras e exuberante natureza. O único problema era que estava chovendo todos os dias, o que impossibilitou que eu as aproveitasse. Faltando dois dias para eu ir embora pedi a Deus:

“Pai, me dê ao menos um dia de sol para que eu possa conhecer uma cachoeira”.

Mal pude acreditar quando acordei e avistei da janela o lindo sol que havia nascido no meu último dia inteiro na cidade .Assim, pude aproveitar finalmente uma cachoeira. No dia seguinte quando acordei para ir embora uma forte chuva caia novamente. Mas aquele solzinho apareceu rapidamente por um dia e depois foi embora por minha causa?Com certeza.

Muitos podem achar que essas histórias não passam de coincidências interpretadas como favor divino. Mas para respondê-los lanço mão de duas frases:

“Quando eu oro, coincidências acontecem” Arcebispo William Temple

“O cristão não deve se perguntar se este ou aquele acontecimento ocorreu em resposta a uma oração, mas deve acreditar que todos os eventos, sem exceção, são respostas à oração.” C.S. Lewis

Eu acredito em um Deus que dá visão de raio-x para um garoto tímido, coragem para um medroso com medo de água gelada e cessa a chuva para que um filho seu possa desfrutar de uma cachoeira. Tudo isso torna a minha vida ainda mais maravilhosa.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Hipocrisia


Uma das lembranças mais fortes que tenho da campanha de 2002 era de uma atriz da Globo dizendo, no programa do PSDB, que tinha medo de Lula e do PT. Falava de inflação,de falta de liberdade e outras coisas mais. Naquela época também, falavam que existia risco de golpe, de fechamento de igrejas, mas nada disso se concretizou. Essa campanha terminou com a emblemática frase de Lula: "A esperança venceu o medo"

Essa esperança se confirmou?Em alguns aspectos sim e em outros não, por várias vezes o PT tropeçou no sistema, e esse sim é dificil de combater, seja o governo que for.

Assim como, em 2002, foi feito pelo PSDB, imprensa e cia, uma campanha baseada no medo e em calúnias tenho visto hoje algo semelhante ao que foi feito contra Lula, na verdade bem pior, pois Dilma não conta com o mesmo carisma .

Não faço aqui uma defesa da Dilma, mas tenho visto um movimento espalhado em alguns grupos baseado na mentira, na calúnia e no preconceito. Tudo isso me deixa profundamente indignado.

Tenho recebido emails falando que Dilma, foi guerrilheira, assaltante e assassina.Primeiro, até onde eu sei, não existe nenhuma comprovação de que Dilma tenha matado alguém. Em segundo lugar precisamos fazer um exercício e voltar aos tenebrosos anos 60 e 70 no Brasil.O país vivia uma ditadura, sanguinária e intransigente e muitos jovens politizados e corajosos resolveram se opor àquele governo, vários optaram por pegar em armas. É uma opção legítima? Naquele tempo era uma via perfeitamente aceitável, especialmente considerando-se que o Brasil vivia em regime de exceção e o clima era de guerra. Não acho que ninguém possa ser condenado por ter aderido a esses movimentos de esquerda, obviamente àqueles que mantiveram a sua coerência e escrúpulos.

Falam também que Dilma é a favor do aborto. A esposa de José Serra disse que Dilma é a favor de matar as criancinhas. Ouvi Dilma dizendo que é a favor da descriminalização do aborto, agora ela diz que é contra. O PSDB tem nadado de braçada nesse tema, mas com muita hipocrisia, pois será que José Serra é de fato contra? Não acho que seja, pois ele mesmo já havia incluido o aborto no SUS em 1998. Sou contra o aborto, mas também sou contra a hipocrisia.

Em 2009 participei de um debate universitário, em um ambiente claramente elitista e em sua maioria de eleitores do PSDB, a ampla maioria era a favor do aborto, com as justificativas mais esdrúxulas. Hoje, os mesmos usam o aborto para pisotear em Dilma.

Estão falando também que o PT vai censurar a imprensa e implantar uma ditadura. Alguém sabe me apontar alguma medida concreta do governo nesse sentido?? A única coisa que eu ví é o Presidente Lula criticando a imprensa, e com razão. A mídia perdeu o critério para criticar e é claramente parcial.Em São Paulo um jornal tomou uma medida até louvável e parou de dizer que é imparcial declarando apoio a José Serra, mas a essa altura nem precisava mais, pois nada poderia ser mais explícito.

Ou seja tenho visto grandes absurdos nessas eleições, e um preconceito nojento contra Dilma. Eu pessoalmente não votei nela no 1º turno, mas no 2º turno tenho que ser pragmático. Pergunto: O que é melhor,continuar o governo da maior distribuição de renda da história ou dar um voto de confiança a quem já provou que não merece e agora tem feito uma campanha tão baixa??A primeira opção me parece claramente mais razoável..





domingo, 26 de setembro de 2010

Protestante



Muitos na igreja brasileira tem se mobilizado em um movimento contra a iniquidade na política brasileira, o que acho maravilhoso. O grande problema de tudo isso, é que grande parte dessas pessoas tem se equivocado ao colocar essa tal iniquidade na conta de apenas um partido político. Em toda essa história, um movimento essencial acaba se contaminando e, com isso, se apequenando para uma campanha classista e abjecta de cunho partidário.

Hoje recebi um panfleto com depoimentos de líderes evangélicos em favor de um candidato que concorre ao governo de Minas Gerais, nenhuma objeção. Entre as declarações vários elogios ao candidato recomendando-o como um excelente homem público. O problema começou quando algum desses líderes religiosos começaram a dizer que, esse tal candidato, é defensor dos valores cristãos, da família e do Reino de Deus. Que eu saiba, em que pese ser um homem de bem(não tenho argumentos contrários), o candidato não se enquadra na descrição acima.

Mas isso não é o mais importante, o que mais me indigna é ver a igreja lambendo as botas do poder, isso realmente me enoja.

Já passou da hora da dita igreja protestante voltar a ser, de fato, PROTESTANTE. Protestar contra os valores podres deste mundo sem se importar se irá ferir susceptibilidades de quem quer que seja. Realmente eu não vejo isso, eu vejo são movimentos religiosos prestando apoios a quem puder lhe oferecer beneces.

Por exemplo, vejo várias pessoas dizendo :"não vou votar neste partido porque ele patrocina a iniquidade". Ok, mas me diga então qual está limpo nessa história? Essas mesmas pessoas não pesquisam para saber se o canditado que elas estão votando é contrário a essas tais iniquidades. Aqui em Minas tenho visto um canditado ao senado levantar a bandeira contra o aborto ( o único que teve peito de se posicionar) vou votar nele, mas será que algum evangélico sabe de quem estou falando??

Nunca fui parte da igreja católica, mas posso dizer que sou um admirador do Papa Bento XVI. Tenho visto ele fazer a defesa da vida, do casamento e da família e, por isso, vem recebendo críticas pesadíssimas como "retrógado", "reacionário" e outros ataques . Esse de fato tem usado a sua ascendência e poder de mídia em favor de valores cristãos, ao passo que, por aqui, temos visto várias pessoas se omitido de fazer tais defesas, talvez por medo de sofrerem críticas como as feitas ao papa, e quando as fazem as usam de instrumento partidário.

Não estou fazendo defesa de nenhum partido, mas gostaria mesmo de ver uma igreja PROTESTANTE contra os valores malignos que tem imperado em nosso mundo e em nosso país. Infelizmente até agora não ví. Só peço aos que querem lutar contra a iniquidade que o façam de verdade, sabendo em quem estão votando e não a pintando com as cores de um partido político.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Demasiado humano




“A religião convenceu as pessoas de que há um homem invisível no céu, que vigia tudo o que você faz, todos os minutos de todos os dias. E o homem invisível tem uma lista especial de dez coisas que ele não quer que você faça, e se você fizer qualquer dessas coisas, ele tem um lugar especial, cheio de fogo, fumaça, queimaduras, torturas e angústia para o qual vai mandá-lo para viver, sofrer, arder, sufocar, gritar, chorar por toda a eternidade, até o fim dos tempos. Mas Ele o ama. Ele o ama e precisa de dinheiro!”

Ouvi esse discurso no documentário “Zeitgeist” (termo alemão que significa “o espírito do tempo”) e já adianto que não concordo com ele.

A crítica não é nova e tenta através de uma descrição rasa e imprecisa da figura de Deus demonstrar a irracionalidade de crer em um ser assim.
Existe uma idéia, que encontra ressonância até mesmo no imaginário de muitos cristãos, de que Deus é uma figura distante que caprichosamente estabeleceu algumas leis, as quais não podemos de forma alguma descumprir sob pena de uma terrível condenação. Nada mais equivocado.

Os dez mandamentos (Êxodo 20. 1 a 17), referidos na frase supracitada, não são determinações advindas de um ser egocêntrico e sádico a espera de um deslize humano.Pelo contrário, são ordenanças que visam proteger as pessoas de condutas destrutivas umas para com as outras. Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho contra o teu próximo, são apenas alguns dos exemplos.

Em seguida o amor de Deus é questionado, o orador ironiza o fato de um ser que diz amar a todos ter uma série de castigos preparados a aqueles que afrontam as suas determinações. Tudo isso carrega a idéia de um Deus distante, ilógico e criado como um instrumento de dominação da religião. Contudo, tal comentário só pode advir de alguém que jamais pretendeu fazer uma crítica justa e embasada por fatos concretos.

O homem sempre carregou consigo a idéia de que poderia por si só transformar a sua essência, transformar o mundo e tudo que nele há. Ao longo dos séculos criaram-se utopias de paraísos perdidos, movimentos políticos, filosofias e saberes religiosos e seculares, tudo isso buscando vencer as velhas mazelas que sempre acompanharam a espécie humana.

Gerações inteiras se perderam achando que estavam na luta por um mundo melhor.Derrubaram-se regimes políticos e levantaram-se outros que pouco ou nada avançaram (quando não retrocederam). Dividiu-se o mundo em dois blocos políticos e esperava-se que quando um deles finalmente triunfa-se o mundo seria melhor e quando isso aconteceu ficou claro que nada mudaria. Religiões levantam-se, messias políticos e religiosos apontam caminhos que não chegam a lugar nenhum. Movimentos se iniciam cheios de esperança na busca de varrer todos os preconceitos e intolerâncias para longe e passam, como vento, expondo contradições, desilusões, overdoses e mais uma vez nada muda.

Nenhuma crença explicou e compreendeu tão profundamente a essência do homem como o Cristianismo o fez. Nenhuma outra fé foi capaz de expor tão visceralmente as imperfeições humanas. O Cristianismo genuíno não vem como uma espada a cortar cabeças imperfeitas, pelo contrário, parece vir como a voz suave que diz: “eu te entendo”.

A idéia de um Deus que se fez homem, identificando-se com todas as fraquezas do homem, tentações, necessidades físicas, sofrendo perseguição, deboche e violência, mostra que o “homem invisível” morando em uma nuvem distante não se parece com a divindade pregada no Cristianismo.

A mensagem, portanto, não é “ande na linha ou vou te castigar eternamente” e sim “eu entendo as suas imperfeições, mas você pode supri-las com o seu criador”. Deus, de fato, ama aos homens e não está em uma nuvem a julgar, Ele está ao lado de cada um, mas só se relacionará de modo significativo com Ele quem assim o permitir. Relacionamentos verdadeiros, só existem quando há liberdade para se optar por se estar nele e Deus compreende isso, de modo que não vai ultrapassar essa linha.

O Cristianismo é humano, demasiado humano (parafraseando o filósofo) e por isso mesmo tem como protagonista o criador da humanidade, que a ama, respeita e não acusa, mas redime, liberta e nos possibilita vivermos como homens de verdade, que não são menos homens por serem necessitados de alguém que os complete e salve do mal e suas conseqüências.

Quanto ao Dinheiro, não vou perder tempo com isso. No entanto, afirmo que Deus não precisa de dinheiro, mas o homem precisa.Portanto, tome cuidado com quem lhe pede e mais ainda com os seus motivos para dar ou não dar.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ciência e Superstição


No passado, quando o homem ainda não tinha uma ciência tão avançada e com tantos recursos tecnológicos, os fenômenos naturais tinham explicações diferentes.
Como um homem na idade antiga poderia explicar um relâmpago, um arco-íris, ou mesmo as estações, os períodos de chuva e de seca? Limitado pela sua ignorância científica o homem atribuía tudo às divindades e às suas alterações de humor, caprichos ou meros desígnios desconhecidos.

O homem era parte de daquele todo, chamado Terra e, porque não dizer Universo, e pedia licença às forças que o excediam para poder viver e desfrutar dos seus recursos. O inexplicável era uma barreira mais bem aceita que só podia ser respondida com base no sobrenatural. Com certeza a partir daí surgiram muitas lendas e superstições que pudessem trazer explicações.

Não estou negando os grandes conhecimentos armazenados por muitas civilizações antigas, como, por exemplo, os povos da América pré-colombiana ou do antigo Egito, mas o certo era que esse conhecimento ainda era limitado devido a recursos ainda indisponíveis em seu tempo.

Com a Revolução tecnológica o homem moderno tomou um caminho inverso. Passou a explicar tudo da perspectiva científica e o sobrenatural, o inexplicável não mais existe. A palavra de ordem é “tudo tem uma explicação”. A civilização tecnológico-científica excluiu Deus da equação que explica os fenômenos, a origem da vida e de qualquer fato natural.

Aquelas coisas que ainda permanecem obscuras são explicadas por teorias que, na verdade, nada explicam e que apesar dos anos que se passam jamais se consolidam como leis.Estão condenadas a subsistirem eternamente como teorias.

O saber humano é grandioso e ainda não atingiu o seu ápice, mas o que precisa ser entendido é que nem todas as coisas estão na esfera do entendimento das pessoas. Além do mais, em que pese o fato de muitos acontecimentos naturais estarem perfeitamente explicados, isso não exclui, de forma alguma, a possibilidade de uma inteligência superior estar por trás de tudo isso e mais, que essas leis da física tenham sido instituídas por Ele mesmo, para cumprimento dos seus desígnios e para a revelação da perfeição das coisas criadas.

Corro o risco de parecer supersticioso, mas afirmo categoricamente que a ciência por muitas vezes também o é, e recorrentemente tão dogmática como uma igreja. Quando se trata de explicar algo que lhe foge ao controle a ciência acaba por se tornar àquilo que mais combate. Talvez esteja faltando um elemento na equação que explica a origem de tudo.

Escrevi um pequeno e simples poema, acho qua daria uma música bobinha para crianças(rs)


Um imenso clarão no céu, um estrondoso barulho
A ira de Deus se acendeu!
Não, é apenas um raio e um trovão
Para tudo há uma explicação

Pontos de luz no céu, vejam quantas figuras
Deus está desenhando!
Não, são apenas estrelas, os desenhos são imaginação
Para tudo há uma explicação

Um arco colorido no céu atrás da montanha
Deus nos mandou um sinal, deve guardar tesouros
Não, será que terei que explicar sobre dispersão e refração?
Para tudo há uma explicação
Mas a perfeição de toda essa criação será que tem explicação?